artigo de revisão
Lipoaspiração e Lipoescultura Corporal: Uma técnica em discussão
André Luis Castro de Magalhães Mattos*
Lipoaspiração
A lipoaspiração foi criada na década de 80 com a finalidade de retirar tecido adiposo acumulado em pequenas áreas corporais. A lipoescultura é um avanço da técnica que nos permite retirar gordura de onde ela é indesejada e utilizá-la como preenchimento em depressões causadas por celulite ou até traumas.
A técnica
A cirurgia apesar de bastante popularizada deve ser realizada por profissionais habilitados e experientes, podendo trazer graves seqüelas quando seus princípios básicos não são obedecidos.
A popularização do procedimento fez com que médicos de várias áreas se aventurassem a realizá-la, muitas vezes em consultórios ou outros ambientes impróprios.
A cirurgia é realizada com anestesia local ou geral, dependendo da extensão do procedimento. São utilizadas pequenas incisões por onde são introduzidas as cânulas. Quando o procedimento é isolado, ou seja, sem associação com outras cirurgias, a recuperação é rápida e a volta às atividades normais se dá em poucos dias.
A quantidade de gordura a ser retirada depende de cada caso e um dos fatores limitantes é o hematócrito. Toda lipoaspiração resulta em uma anemia de extensão proporcional ao tamanho do procedimento.
A referida anemia é tratada com dieta e medicação. Assim como na anemia, pode também ocorrer febre nos três primeiros dias após a cirurgia (até 38ºC ).
Em certos casos, quando se prevê uma perda sanguínea maior, podemos recorrer à auto-hemotransfusão.
Após a cirurgia o edema persiste por três a seis meses e massagens pós-operatórias estão indicadas para acelerar a recuperação.
Caso a cirurgia tenha sido só a lipoaspiração não há restrições, exceto evitar exposição solar até que as equimoses tenham desaparecido. Caso tenha havido outra cirurgia, deve-se seguir as orientações do procedimento de maior porte.
A indicação
Como em toda cirurgia plástica, a indicação precisa é fundamental. A lipoaspiração não é um método de emagrecimento, mas sim, uma forma de retirarmos de algumas áreas do corpo o acúmulo indesejável de gordura.
O paciente obeso deve inicialmente procurar um serviço de endocrinologia para perder peso e se candidatar a uma plástica convencional ou lipoaspiração.
Outros fatores limitantes do procedimento são idade e flacidez da pele, fatores em geral interligados e as diversas regiões corporais com suas características próprias.
O procedimento
O cirurgião deve explicar detalhadamente ao paciente os limites da cirurgia, resultados possíveis, complicações relacionadas, de modo que não haja frustração no pós-operatório por um resultado não atingido.
O procedimento deve ser feito em ambiente hospitalar. O paciente deve ter sido submetido a exames pré-operatórios comuns a procedimentos cirúrgicos de médio e grande porte.
Em casos excepcionais, pode se programar auto-hemotransfusão ou transfusão de sangue homólogo como já citado anteriormente.
A internação normalmente é de 24 horas e a anestesia utilizada é a geral. Quando se faz lipoaspiração em região dorsal deve-se evitar a anestesia peridural.
A quantidade de gordura retirada não deve exceder 7% do peso corporal na técnica infiltrativa (quando se injeta soluções de composição variável com adrenalina) e 5% na não infiltrativa, devendo também não exceder 40% da área corporal. Esses limites foram definidos em recente resolução do CFM (resolução 1711, de 10 de dezembro de 2003).
O objetivo da cirurgia é retirar gordura e não sangue.
Observe na foto (3 litros de aspirado) que a quantidade de sangue é bem menor que a de gordura.]
O pós-operatório
Diferentemente do que é comumente divulgado, a lipoaspiração não é seguida de dor espontânea. As áreas aspiradas ficam, entretanto, doloridas ao toque, dor que vai diminuindo progressivamente. Nessa fase, a ajuda do fisioterapeuta, com tratamento específico como drenagem linfática, melhora o edema e diminui a sensibilidade local.
Deve-se evitar exposição solar enquanto perdurarem as equimoses.
Complicações
Inerentes a qualquer procedimento cirúrgico como: infecção, necrose, embolia pulmonar que, estatisticamente, não é maior que em outras cirurgias. E outras específicas desse procedimento como pequenas assimetrias que podem ser tratadas com refinamento em nível ambulatorial.
Conclusão
A lipoaspiração deve ser considerada como uma cirurgia de médio ou grande porte e, como tal, deve ser realizada por profissionais habilitados: cirurgiões plásticos membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
A resolução 1711 do CFM determina também que apenas especialistas podem realizar a cirurgia.
O procedimento deve ser exaustivamente discutido com o paciente, evitando frustações posteriores. A documentação fotográfica pré-operatória é fundamental para uma melhor avaliação do resultado.
Que impere sempre o bom senso, tanto do cirurgião quanto do paciente
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RESOLUÇÃO 1711 EM 10 DE DEZEMBRO DE 2003 DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
Data: 18/04/2011